1) Nome completo?R- Genival Nunes Fernandes 2) Data completa de nascimento?R- 07 de março de 1956. 3) Cidade e bairro onde nasceu?R- Nasci no Sítio Riacho de São Bento no município Juazeirinho na região do semiárido da Paraíba. 4) Nome dos seus pais?R- Severino Fernandes de Morais e Anisia Nunes. 5) Nomes dos irmãos, pela ordem de nascimento?R- Sou o décimo sexto de uma família de dezessete. Sete morreram na infância, como era comum na época. Hoje somos sete vivos na seguinte ordem: José, Manoel, Maria, Sebastião, Pedro, Paulo e Genival. 6) Algo mais, além de você seguiu a vida religiosa?R- Ter nascido no campo foi marcante para minha vida em dois aspectos: amor à natureza e, sendo de uma família um pouquinho privilegiada, ter sensibilidade para com os mais pobres. É lamentável que o progresso, até hoje, não conseguiu vencer a miséria. 7) Como foi sua infância? Em termos de estudos e trabalhos?R- Tive uma infância feliz e tranquila. Com relação aos estudos já fui para escola alfabetizado. Meu irmão mais velho era professor; lecionava para uma turma de adultos (à noite). Eu era um penetra até que a paciência dele se esgotasse. Sei que atrapalhava um pouco, mesmo assim, ninguém reclamava; eram lenientes com a bagunça de alguém tão pequeno. Finalmente meu irmão dizia solenemente: “está hora de dormir”. Minha mãe também me ajudava quando tinha alguma dificuldade. Quanto ao trabalho vivi uma situação moderada; as crianças que conheci trabalhavam muito, a grande maioria nem frequentava a escola. As famílias, por necessidade, exigiam o trabalho das crianças para garantir a sobrevivência. Trabalhei em tarefas simples e sobrava tempo para fazer o dever de casa e brincar um pouco. Entre as tarefas que realizava era ajudar a cuidar do gado: separar os bezerros, levar o rebanho ao pasto ou levar para beber água. Tudo isso, quase sempre, ajudando os meus irmãos mais velhos. Cedo perdi o medo de lidar com os animais mais ariscos. 8) Quando e como recebeu o "chamamento divino" para se integrar à carreira religiosa?R- O chamamento de Deus, como não podia deixar de ser, contém um mistério que a razão humana não alcança de modo pleno, é acolhido na fé. Minha família era católica. Meu pai era amigo do padre que me batizou; sacerdote muito digno, culto e querido por todos. No entanto, só aos dezoito anos tomei uma decisão mais consistente. Hoje vivo para agradecer este dom imerecido. 9) Onde foram seus estudos iniciais e também já voltando para o sacerdócio?R- Cursei até terceiro ano primário numa escola estadual que ficava na vila a 2km de minha casa. Depois fomos morar na cidade – sede do município – onde fiz o quarto ano, Exame de Admissão e Ginásio. Posteriormente, como não havia segundo grau na minha terra, fui para Campina Grande (a segunda maior cidade da PB, que fica a 84 km). Era cansativo a longa viagem todos os dias e, finalmente, recebi um grande apoio fui morar na casa do Bispo da Diocese, em Campina Grande. Foi uma experiência humana e espiritual de grande valor. Nesse período tive ocasião de trabalhar como redator no Diário da Borborema – dos Diários e Emissoras Associados e também fui noticiarista da Radio Caturité, que é uma concessão à Diocese de Campina Grande. 10) Quando e onde ocorreu seus primeiros passos e até chegar (quando e onde) sua ordenação?R- Fiz parte do curso Filosófico teológico em Recife e concluí na Escola Teológica do Mosteiro de São Bento – RJ. Nessa época conheci a Diocese de Nova Friburgo onde fiz estágio pastoral – em Lumiar – e a preparação próxima para ordenação. 11) Logo ordenado, para onde foi e onde começou a atuar?12) Qual foi sua primeira igreja e onde, uma vez ordenado sacerdote?R- 11 e 12 Minha ordenação sacerdotal ocorreu em Duas Barras RJ (24-05-1984).. Lá fiquei entre quatro ou cinco anos como Pároco. 13) Até chegar, por último, como bem sei a Igreja Santa Edwiges? Quais as igrejas por que passou?R- Atuei como Pároco em São Sebastião do Alto por seis anos. Fiz uma experiência de 5 anos e meses no Mosteiro da Ressurreição, em Ponta Grossa – PR. Retornei à Diocese assumindo a Paróquia Imaculado Coração de Maria, São Pedro e São Paulo- Duas Pedras. Posteriormente fui para a Paróquia Nossa Senhora da Assunção onde permaneci mais de dez anos. E, por fim, fui para Santa Edwiges onde permaneci até dezembro de 2021. 14) Além dos estudos bíblicos e sua formação sacerdotal, também sei que fez Direito pela Universidade Cândido Mendes (UCAM), não é? E de quando a quando?R- O curso de Direito comecei em 1977 na Faculdade de Direito de Olinda, fui obrigado a interromper em virtude de minhas atividades no movimento estudantil. Em 2005 retornei a estudar Direito da UCAM-NF e concluí em 2009. 15) Além disso tudo, teve alguma outra formação?R- Sempre gostei de estudar; penso que só sei fazer isso. Cito aqui alguns cursos: - Curso de Pós-Graduação lato senso – Direito Processual Canônico – Universidade Católica de Petrópolis-RJ, Curso de Pós-Graduação lato senso – Direito Civil Constitucional – UERJ, Curso de Extensão Universitária – Rádio – Imprensa – Televisão e Cinema (300 horas) – PUC –RS, Curso de Comunicação Social – Leitura Estrutural da Imagem – Centro Internazionale Dello Spettacolo e Della Comunicazione Sociale/ Universidade Católica – PE entre outros. 16) Agora, mais recentemente, o que o levou a retornar para sua terra natal?R - Sempre tive um grande apreço à espiritualidade beneditina e, em especial, à vida eremítica. Já em São Sebastião do Alto construí um pequeno eremitério onde ficava três dias por semana. Na solitude encontro a mim mesmo e a humanidade com todos os seus problemas. Nossa comunhão com Cristo nos permite partilhar as alegrias e esperanças de todo ser humano. Meus problemas com uma saúde frágil contribuíram para esse retorno. 17) Como me comentou, como será sua vida em sua cidade e também em termos de continuar de certa forma na vida sacerdotal?R – Pretendo viver uma vida simples e recolhida. Isso não impede que possa de forma eventual atuar em uma Igreja que necessite de minha ajuda. Quero tentar viver como diz São João da Cruz –Canções de amor entre a alma e Deus: “Minha alma se há votado,/ Com meu cabedal todo, a seu serviço;/ Já não guardo mais gado,/ Nem mais tenho outro ofício,/ Que só amar é já meu exercício”. 18) O que mais marcou sua passagem aqui pela Diocese e também por nossa cidade?R- Admiro e amo Nova Friburgo. Fiquei 40 anos nessa região tão privilegiada do Brasil. Carrego gratidão eterna pela acolhida amável e o apoio que recebi de tantas pessoas. 19) Quando foi sua partida de Nova Friburgo e sua chegada em sua cidade natal?R- Cheguei a João Pessoa em 15 de janeiro do corrente (2022). 20) Por fim, se tiver algum detalhe, situação, informações ou circunstâncias a mais que gostaria de comentar e achar interessante, é só incluir e ficar à vontade.R- A vida tem sido muito generosa para comigo. Nos momentos difíceis sempre experimentei a proteção e a misericórdia de Deus. Minha família vive até hoje um clima de muito respeito e compreensão. Agradeço ao meu pai que foi mais amoroso que rigoroso. Sabia orientar e corrigir sem entristecer. Agricultor e comerciante; nessa última atividade não dispensava minha colaboração. Minha mãe além do carinho e das orientações religiosas me fez amar a literatura. Conhecia bastante a literatura brasileira, portuguesa e alguns autores estrangeiros. Era uma leitora perseverante e incansável. Agradeço a Deus esse exemplo que me acompanha até hoje. Termino com as palavras de Fernando Pessoa: “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”.