O primeiro Domingo da Quaresma (26/2). Primeiro de outros que nos conduzem a um percurso de graça, reconciliação e conversão rumo à Páscoa do Senhor. Neste dia, Dom Luiz Antonio Lopes Ricci presidiu a Santa Missa na Catedral Diocesana São João Batista, em Nova Friburgo, com transmissão AO VIVO pelas redes sociais da Diocese. A Missa também foi marcada pela apresentação dos novos coroinhas à comunidade paroquial.
O Bispo Diocesano iniciou sua fala recordando que na Quarta-feira de Cinzas iniciamos este tempo de graça e conversão que chamamos de Quaresma, também iniciamos neste dia, em todo o Brasil, a Campanha da Fraternidade (CF) que traz um tema muito relevante para todos: a fome.
- Pela terceira vez, a Igreja, nos 60 anos de CF, volta ao tema da fome. Significa que o tema é persistente. Temos muitas situações persistentes no Brasil que precisam ser superadas. Desde a chegada dos europeus aqui temos muita dor e sofrimento nessa pátria nossa Brasil. Pensemos nos povos originários, os indígenas. Pensemos nos irmãos afrodescendentes, que até hoje sofrem com o racismo, o preconceito. Pensemos na fome, nas desigualdades, nas injustiças sociais. São muitas questões persistentes que precisam ser superadas.
Falou sobre a Mensagem que o Papa Francisco enviou ao Brasil por ocasião do início da Campanha da Fraternidade, lembrando aquilo que Francisco diz claramente: “a fome é um crime” e o “alimento é um direito”. “O próprio Jesus disse: eu tive fome e você me deu de comer”, disse o Bispo enfatizando o lema da CF 2023 “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). “Jesus nos interpela para que também possamos, como Igreja, dar a nossa colaboração pela solidariedade, pela partilha, pelo comprometimento para com a vida. Dar de comer a quem tem fome também é uma obra de misericórdia”, disse Dom Luiz Antonio.
- Eu ouvi o filósofo Cortella nessa semana, falando sobre a campanha. Ele disse assim: “Ninguém morre de fome quando tem alimento. Só se morre de fome quando não se tem alimento. As pessoas morrem pelo abandono”. É muito forte isso. O Brasil tem muito alimento e se orgulha de ser o país que mais exporta alimentos. Ao mesmo tempo que tem esse orgulho tem essa vergonha de ter milhões passando fome e outros milhões em insegurança alimentar. É metade da população que passa fome ou que está em insegurança alimentar. A fome está muito próxima de nós - refletiu o Bispo.
O Prelado também desejou que neste Tempo Quaresmal esse tema da Campanha da Fraternidade 2023 “nos ajude a pensar naqueles que têm fome, aumente a nossa sensibilidade”. Dom Luiz Antonio recordou ainda as muitas iniciativas presentes na Igreja que procuram amenizar a dor das famílias vulneráveis. “Como Bispo Diocesano, agradeço a partilha e a generosidade de vocês. Graças a partilha de vocês podemos dar de comer a quem tem fome ou está em insegurança alimentar”, manifestou.
Voltando-se à Liturgia deste dia, destacou a Primeira Leitura, narrativa da Criação e do pecado dos nossos primeiros pais, Adão e Eva (Gn 2,7-9.3,1-7). “Pela desobediência o pecado entrou no mundo, juntamente com o pecado a malícia. Havia uma harmonia. Vejam a sedução da serpente. Vejam a fragilidade de Adão e Eva, que representam todos nós. Muitas vezes somos seduzidos por propostas que não têm fundamento no querer de Deus. Nos deixamos levar por propostas enganadoras que nos tiram da rota, do caminho de Jesus, caminho da vida e da salvação”.
Falou ainda sobre a liberdade e o livre arbítrio.
- A liberdade, segundo Santo Agostinho, é escolher sempre o bem. Uma pessoa que se diz livre e escolhe o mal não é livre, ainda é escrava. Vejam a dificuldade que Adão e Eva tiveram para lidar com apenas um limite: não comer da árvore do bem e do mal. O jardim inteiro disponível, tudo disponível, uma harmonia perfeita, mas como o ser humano tem dificuldade de lidar com os limites, as balizas. Não existe liberdade, autonomia absoluta. A minha liberdade vai até a liberdade do outro, o respeito com o outro. Como temos dificuldade de lidar com a liberdade, de conviver com Deus e com os irmãos em harmonia. Tem gente que sente prazer no conflito. Nós devemos sentir prazer na harmonia, na unidade, no respeito – reforçou.
O Bispo mencionou a Segunda Leitura (Rm 5,12-19), enfatizando que se o primeiro casal foi desobediente, temos Jesus, o Filho obediente. “Jesus veio ao mundo para fazer a vontade do Pai. Foi fiel até o fim, venceu as tentações e deu a vida para a nossa salvação... Se o pecado entrou no mundo, maior foi a graça... Jesus veio ao mundo nos recriar. Por isso, temos a Quaresma para nos preparar bem para a festa maior do cristão, que é a ressurreição de Cristo e a nossa ressurreição Nele”.
Texto e fotos: Grasiele Guimarães (Ascom da Diocese de Nova Friburgo)